Thursday, April 29, 2004

CINEASTAS EM POTENCIAL

Uns meses atrás Regis encontrou esse lance que escrevi no segundo ano da ESPM no computador dele, procurei nos meus backups e aqui está (escrito cinco anos antes de Adaptation):


14/10/1997


Filme: metalinguagem, Os cineastas em potencial.

Sinopse: Um grupo de estudantes de publicidade se une numa mesa para a criação de um roteiro.

Desfecho: Após inúmeras elucubrações, os intrépidos cineastas em potencial têm a idéia de um roteiro sobre intrépidos cineastas em potencial que se unem numa mesa em busca de um roteiro, e que após inúmeras elucubrações tem a idéia de um roteiro sobre intrépidos cineastas em potencial que se unem numa mesa em busca de um roteiro.

Cenário: Biblioteca de luzes apagadas, uma mesa redonda com uma luz suave incidindo de cima, com os cineastas em potenciais sentados em volta, a fumaça de cigarros preenche a luz. Um relógio de parede iluminado ao fundo.

Personagens: Adriano, Regis, João, Nimtz, Falcão, Adalberto e um cara esquisito



— Alguém trouxe caneta?, pergunta aborrecidamente João.
Todos acenam não com a cabeça, todos com olhares perdidos, João solta uma retórica:
— Como vocês esperam escrever esse maldito roteiro?
Regis se levanta e vai até o computador da biblioteca e arranca a caneta amarrada na mesa. Ao chegar na mesa João com tom apático e lento pergunta:
— E o papel… Regis?
— Já busquei a caneta. Alguém busca papel.
Falcão se levanta e sai da biblioteca.
— Onde ele vai buscar papel? Pergunta Nimtz.
— Por que a gente faz tudo na última hora? Pergunta João.
— Ainda é sete horas? Pergunta Adriano.
— Lá do outro lado da rua. Diz Regis.
— Quê? Adriano pergunta, entendendo nada.
— Só dá pra comprar papel do outro lado da rua. Regis responde.
O relógio mostra 7:15 (manhã).
— Acho que o Falcão não volta. Implica Nimtz, sarcasticamente.
— Daqui a pouco ele está de volta. Replica impacientemente Adriano.
O relógio mostra 7:30.
— Já chega, vou atrás dele. Regis levanta.
No mesmo momento Falcão entra na biblioteca carregando uma lata de coca.
— Porque demorou tanto? João pergunta.
— Encontrei a Débora lá na cantina. Explica Falcão.
— Num Domingo?
— Pois é, ela tá com o grupo dela também fazendo o roteiro pra amanhã.
— E cadê o papel, Falcão?
— Vocês não acharam ainda?
— Caralho, porra, onde cê foi?
— Comprar coca, porra, eu não falei que ia pegar papel.
— Puta que pariu, e agora?
— Vamos pegar um pouco de papel com a Débora. Nimtz diz enquanto já se levanta.
Regis e Nimtz vão para a sala onde ela se encontra.
O relógio mostra 7:45.
Os dois com papel em mãos retornam a biblioteca, e vêem Falcão e Adriano discutindo.
— Já foi feito, milhares de vezes cara, é clichê. Diz Adriano, perdendo a paciência.
— Me diz onde. Me diz um único exemplo! Falcão perdendo mais do que a paciência.
— Você acha que ninguém pensou numa idéia tão óbvia como essa?
— E você João, o que você acha? Pergunta Falcão.
— A idéia é boa, mas é confusa e além disso acho que o Adriano tem razão, alguém já deve ter pensado nisso.
Nisso Nimtz interrompe a discussão perguntando do que eles falavam.
— A idéia é o seguinte, a gente monta um roteiro sobre cinco caras tentando criar um roteiro, e no fim da história eles decidem escrever um roteiro sobre cinco caras tentando criar um roteiro. Diz confusamente Falcão.
— Peraí deixa eu assimilar isso. Diz Nimtz.
— Legal, mas parece que já foi feito. Intervém Regis.
— Mas quem disse que nós temos que inventar algo, a gente pode usar essa idéia, mesmo sendo um clichê, pra discutir metalinguagem. Discursa João.
— Nossa, aí é que vai ficar muito chato — diz Adriano — quem vai querer ver um discussão sobre metalinguagem? Pior, cinco caras deprês sentados numa mesa escrevendo um roteiro. Cara, na boa, vocês tão perdendo a noção.
— E se a gente colocasse isso não no fim mas no começo? Pergunta Regis.
— Isso o quê? Pergunta sobre a pergunta Falcão.
— Deles terem a idéia de fazer um roteiro sobre caras escrevendo um roteiro.
— Qual a vantagem?
— A gente pode fazer eles se perguntando se a idéia é um clichê ou não, se a idéia é viável ou não, e até que um deles tem exatamente essa mesma idéia o que eu estou falando. Empolgadamente diz Regis.
— Genial, tesão, vamos filmar já... Diz falcão, apressadamente.
— Meu, desencana dessa idéia, ela é uma armadilha, vai ser um filme chato e a gente não vai conseguir deixar ele claro, vai sair uma bagunça. Fala Adriano, sem esperanças.
— E também tem uma coisa, como a gente vai colocar os elementos essenciais dos filmes de sucesso nessa história? Pergunta Nimtz.
— Que elementos? Repergunta João.
— Sexo, briga e final feliz.
— É um curta metragem, nós temos certos direitos de sermos ensossos e sem se preocupar com o final, a maioria dos curtas são assim. Responde João.
— Sei não, hein, se a gente fazer desse jeito vai ficar pseudo... Diz do nada Falcão.
— Eu odeio esse termo: pseudo. Fala Regis.
O relógio mostra 8:17
— A gente nunca vai conseguir produzir alguma coisa. Diz João.
— E você já achou diferente? Pergunta Adriano.
— A lanchonete tá aberta vamos descer? Pra dar um tempo? Convida Regis.
— Meu, tava saindo alguma coisa. Se a gente parar agora, a gente não vai voltar. Resmunga Falcão.
— Mas aí a gente vê como estão se saindo os outros. Retruca Regis.
— Tá bom, vai, mas é só ir e voltar.
Na quadra Falcão e Regis encontram o grupo do Adalberto.
— E aí conseguiram fazer alguma coisa, tiveram alguma idéia? Pergunta Falcão.
— A gente tá mó empolgado meu, só falta fazer uma revisão e tá pronto. Responde Adalba.
— Sobre o que vocês fizeram?
— É uma idéia muito legal mas tá meio complicada, mas a gente vai entregar assim mesmo. E é sobre metalinguagem, pura metalinguagem —Falcão e Regis se entreolham— sobre uns caras que decidem escrever um roteiro.
— Cara, eu não acredito! —murmura Regis— Por acaso o roteiro que eles escrevem não é sobre uns caras escrevendo um roteiro, é?
— É isso mesmo, e sabe o que é mais engraçado? —pergunta retoricamente Adalba— É que eles desistem dele porque descobrem que é mó clichê, e que teve um monte de gente que teve a mesma idéia.
— Vocês admitem que essa idéia não é nada original? Regis desabafa.
— Então, é o que a gente tá explorando, já que a metalinguagem é face dos anos 90, —elocubra Adalberto— um discurso do artista pro próprio artista, no conteúdo desse discurso só há redundância, uma disma periódica, uma repetição de uma mesma idéia que não chega a lugar nenhum.
— Eu discordo, tipo, a metaliguagem é um sintoma do existencialismo, do conceitualismo, da necessidade dos artistas perguntarem o porque da sua relação com a própria arte, por isso ele conversa consigo mesmo. Diz o amigo esquisito do Adalberto
— As pessoas vão entender isso do seu roteiro? Pergunta Regis.
— Claro, ao invés de deixar isso subentendido, a gente explicitou. Isso tá textualmente no roteiro. Finaliza Adalberto.


O relógio mostra 9:00
— Ok, gente, alguma nova idéia? Pergunta João.
Silêncio total.
Falcão começa a imitar um som de grilos. Adriano, em seguida, faz um som de ventania cm Nimtz fazendo outros sons de selva.
O relógio mostra 9:30
— Lost Highway não é bom! Diz Adriano forçadamente.


O relógio mostra 9:50
— Escreve aí: Plano 1. Nimtz dita.
— Plano 1. João repete enquanto escreve.
— Macaco em meio a deserto encontra ossos.
João olha para Nimtz.
— E entra a Zarathustra e o osso vira uma espaçonave.
— Parece bom.

VOL.2

Terminei de assistir Kill Bill volume 2, gostei tanto quanto do primeiro, mas fiquei com uma coceira, acho que vai ser bem dificil assistir um novo filme de Tarantino com esse mesmo sabor nos próximos cinco anos.

É impossivel não gostar dos dois filmes --bem, sempre tem algum ranzinza por aí, falando que é chato, etc.--, mas Tarantino espreme tão forte a sua narrativa e clichês que se torna indigesto vê-los na mão de outro diretor (de dividir o filme em capítulos não lineares, de haver longuissimas conversas com personagens agonizando com a morte inevitável, do cinismo das situações que são só possiveis em um set, do close de um personagem olhando para outro que está falando em off, e por aí vai).

Quando terminou Volume 1, eu não tive essa impressão de empapuçamento tarantinesco, talvez porque o filme termina no meio. E no Volume 2 a história se fecha, assim que acabou o filme, perdi toda a gana de querer ver mais do mesmo.

Seu próximo filme se passará na Segunda Guerra, sobre soldados americanos em uma missão suicida para não serem executados pelas próprias tropas. Espero que ele demore bastante tempo para terminar este filme, ou que ele faça algo surpreendentemente diferente, o que talvez não seja muito difícil.

Tuesday, April 20, 2004

O comentário mais divertido até agora:

cara...esse blog ta mo estranho, hein?...umas coisas sinisssstras...vamos nos falar amanha a tarde, valeu?

mensagem pelo celular

Monday, April 19, 2004

TIPOS

24/09/2003



No final o quasímodo sempre amaldiçoará o mundo em que ele terá que nascer, para que todos sintam essa dor de que ele terá que passar, da dor de se conformar, de ser o excluído que aceitará se retirar.

É assim que ele envelhecerá jovem.

E vingativo.

É assim que o futuro pertencerá aos excluídos, a uma raça de quasimodos iguais que arremessarão pedras sobre as orgias do Monte Olimpo.

Quando as pedras acabarem, Joel olhará para o horizonte a procura de um novo significado e descobrirá que não há nenhum, assim como não havia antes.

Joel, que acreditará fazer o bem fazendo o mal, personificará o soldado desconhecido que jogará a granada sobre si mesmo, que morre inutilmente sem ninguém saber.

Deus olha para este destino que parte para a Terra e pensa ‘O inferno é sua casa’.

Joel acorda para os lados e sê vê na mesma cela de ontem, no canto a mesma comida de ontem. Algemado no pau-de-arara ele tenta engolir seco quando escuta passos se aproximando.

A porta da cela se abrindo e a forte luz do meio dia já o faziam urinar em si mesmo. Do clarão veio a voz ‘É claro que eu preferia ver políticos no seu lugar, Joel’.

A voz se personifica em um sereno homem de terno e gravata que se senta em frente a Joel. ‘Afinal você não é um político, não é Joel?’. Joel é solto do pau-de-arara e é levado para uma cadeira por dois homens.

‘Me deixe no chão, por favor’, Joel pediu em meio à dor que o excesso de alívio dá. O senhor sereno acena com a cabeça e Joel, agora no chão, respira lento o suficiente para não machucar ainda mais sua garganta e seu peito.

‘Você é fraco, não Joel? Você é o elo mais fraco de todos não é?’

Joel o olha do chão e o homem de terno sai de sua cadeira para se agachar junto a Joel. ‘Você não merecia estar aqui, você não é um herói, você não é um mártir, você destruiu tudo que você fingia que acreditava, e pelo o quê? Eu queria saber Joel, eu não preciso mais estar aqui, e nem você, já está consumado, mas eu não podia sair daqui sem saber o Porquê, você me entende não é Joel?’.

Joel continua olhando fixamente para o homem sem nome em silêncio. ‘Caso queira saber, estamos pensando seriamente em deixá-lo vivo’.

Joel tenta chorar, soluçando junto com os espasmos de dor, Joel sente suas dores aumentando ao ouvir o homem. ‘Sabe, sendo eu um advogado e vendo um elemento como você, sinto calafrios, deve haver um tipo como você do nosso lado’.

‘Você não está chorando nem pela dor, nem por mim, nem pela sua vida, não é? Pelo o que é, Joel? Pelo o quê você chora?’.

Joel começa a urrar como se pudesse chamar alguém. O homem se levanta olhando a figura deprimente esparramada no chão, ‘Você tem idéia de quantos agonizaram até a morte e tiveram suas famílias raptadas e mesmo assim não disseram um ó. E você jogou todo esse esforço no lixo, com um telefonema, eu conheço seu tipo, conheço sim... você é o frívolo’.

Um homem encapuzado entra na cela e o advogado o apresenta a Joel ‘este é o Coveiro, dez anos de serviços prestados à nação.’. ‘Doze anos enterrando me fez ser o maior especialista do Brasil’ o homem encapuzado ri com sotaque caipira.

As palavras de Joel saíram com um cuspe de sangue ‘que honra’. O encapuzado ri mais alto.

O advogado ignora o cinismo de Joel, ‘vou lhe fazer uma proposta, você vai ter que confiar em mim, se você me falar o Porquê, eu te deixo vivo, se não, matamos você agora mesmo. O que vai ser?’.

‘É um jogo, Joel, no que você aposta?’

‘Me traz água, então’.

‘Água! Onde você pensa que tá malandro? Mas vou trazer sua água’. Ele olha para o Coveiro e lhe diz ‘traz água pro menino, Coveiro’. O advogado vê Joel lentamente se levantando para a cadeira.

‘Finalmente um ato de dignidade, Joel! Me conta, porquê você traiu seus camaradas? Inveja? Vingança? Me parece que no fim a sua luta não era contra nós, mas contra vocês mesmos.’

O homem sereno abre uma ficha e procura página por página algo. ‘Laura’ ele diz, ‘está morta agora, era isso que você queria?’

Joel tremendo um pouco foge seu olhar para a parede. ‘Sabe Joel, eu vou te liberar, você é um pobre diabo, pra falar a verdade eu não preciso mais da sua resposta. Acho que vou te exilar, para você ser um herói quando voltar. Mas só você e eu sabemos que tipo de pessoa você é.’

Joel olha para ele nos olhos e pergunta ‘e que tipo de pessoa você é?’

‘Boa pergunta, eu sou o tipo que odeia o seu tipo.’

THE DAY AFTER

Esse título é lindo. E esse filme de 84 feito pra TV é foda.

Agora 'The Day After TOMORROW' é um dos trocadilhos mais cara-de-pau que a mente humana já imaginou pra vender um filme. Esse Roland Hemmerich merecia ser enforcado, esquartejado e enterrado em uma fossa de dejetos alienígenas. Nesse momento, principalmente nesse momento o mundo não quer ver mais um armageddon, com a estátua da liberdade enterrada mais uma vez, já chega.

Sunday, April 11, 2004

Lars von Trier

Ainda não assisti Dogville, mas sei que sua exibição nos EUA foi sabotada, mesmo lotando todas as sessões, só tá passando em 14 salas na segunda semana de exibição ---e é um filme com a Nicole Kidman. O filme já passou aqui no Brasil faz uns dois meses, o sucesso dele aqui foi maior que lá (em temos absolutos de bilheteria).

Alguns críticos tão falando que von Trier não tem a menor permissão de falar de um país que ele nunca visitou. Como se os americanos não fizessem isso indiscriminadamente. Dizem que ele está determinado a mostrar que os americanos são xenófobos, vingativos, invejosos, capazes de estuprar e assassinar. Nada realmente novo, menos pros americanos.

Sobre o filme eu não posso dizer muito, mas parece que o making-of deve ser muito bom. Porque ao lado do estúdio de som da filmagem, montaram uma caixa a prova de som em que os atores pudessem descarregar todas as suas experiências pessoais com o filme. Um dos atores descreveu assim von Trier: "uma criança super inteligente que é um pouco perturbada, brincando com bonecas em uma casa de bonecas, cortando suas cabeças fora com uma máquina de pregos". Von Trier declarou que todo o elenco do filme conspirou contra ele.


O PAI DA GUERRA FRIA

Com toda essa onda de tecnologia nuclear que tá rolando sobre o Brasil, fiquei lendo sobre o projeto Manhanttan, acabei lendo durante umas três horas.

O Projeto Manhattan uniu todos os cientistas nucleares para poderem construir a bomba antes dos comuna e dos nazi. O projeto começou em 42, três anos depois do começo do projeto nazista da bomba. Emil Julius Klaus Fuchs foi um dos pais da bomba.

No meio do deserto, em Los Alamos, eles fizeram do projeto realidade. Os americanos tinham conseguido. Nem os nazistas e nem a União Soviética estavam perto disso, nem mesmo do processo de enriquecimento do urânio a quase 100%. O monopólio desta tecnologia, dava aos EUA e UK o poder definitivo sobre todas as outras nações do mundo.

Três anos depois, a URSS também conseguiu a bomba, e ninguém sabia como. Quando os americanos conseguiram decodificar as linhas secretas de comunicações militares soviéticas, descobriram que um dos pais da bomba tinha dado de presente aos comuna todas as instruções para construirem sua bomba. Era Klaus Fuchs.

Descobriram que ele não ganhava nada com isso e nunca tinha tido qualquer negociação com os russos, ele só conhecia um contato chamado Raymond que enviava os detalhes do projeto para a União Soviética. Klaus foi setenciado a 14 anos de prisão, depois de nove anos ele foi solto e fugiu para Berlim Oriental, onde ficou dando aulas e morreu velho.

Perguntaram a ele, porquê? E ele respondeu: era a única maneira de evitar a terceira guerra mundial.

UM REVOLTADO EM HOLLYWOOD

Quando leio sobre novos mega projetos em Hollywood fico assustado com como tudo lá é institucionalizado.

Robert Rodriguez abandonou pela segunda vez o DGA (Director's Guild of America) para ter a assinatura de co-diretor com Frank Miller em 'Sin City'. O DGA não aceita que haja o papel de co-diretor, e a Paramount não pode trabalhar com diretores que não pertençam ao DGA.

A encrenca é que nesse exato momento ele está contratado um mega filme para a Paramount com: Johnny Depp, Bruce Willis, Leonardo DiCaprio, Josh Hartnett, Marley Shelton, Carla Gugino, Maria Bello, Benecio Del Toro, Kate Bosworth, Michael Douglas, Steve Buscemi, Jaime King, Brittany Murphy, Mickey Rourke, Christopher Walken e Elijah Wood. Esse filme é "A Princess of Mars" que nunca vai ver a cor do nitrato de prata; duvido que a Paramount vá colocar toda a sua linha de frente na mão de um diretor que grava uma orquestra sinfonica na garagem de casa.

Antes de ser diretor, ele escrevia roteiros como Tarantino, chegou a escrever Predador 3 em que Scharzenegger e Danny Glover são capturados e levados ao planeta dos Predadores como troféus. Rodriguez também já tinha abandonado o louvado WGA (Writer's Guild of America) porquê "tem regras demais e só arrancam seu dinheiro".

O nome da produtora dele é bem coerente: Troublemaker Studios.

Friday, April 09, 2004

Cínico mundo de Snoopys

Snoopy é cínico porque nunca aceitou a idéia de que é um cachorro, fazia mímicas ao invés de latir, não dormia dentro da casinha, mas em cima dela, e comia com lenço, garfo e faca.

Tinha sonhos de grandiloqüência com batalhas aéreas furiosas na segunda guerra mas seu único amigo era um pássaro amarelo. Respostas para tudo, sempre desprezando seu dono que o lembrava de que ele era só um cachorro. Snoopy talvez odeie o fato de seu nome ser Snoopy.

Será que o Snoopy é uma parábola que fala de todos nós neste mundo anestesiado, onde todos nós viveremos e morreremos frustrados por estarmos confinados em quintais sonhando com grandes proezas? De não aceitar se somos só cachorros?

Vocês podem ver, quase todos querem o Olimpo mas nem conseguem manter uma conta bancária, e quem alcança o Olimpo se chafurda posando de Divas, podendo abdicar de um Charlie Brown que os lembrariam de que são só cachorros.

(silêncio na sala - o professor se levanta do apoio e se aproxima dos alunos)

Como não ser um Snoopy, como não ser um cínico e conseguir aceitar o que você é?

Se você deixa os momentos de dúvidas em branco, você vai perceber uma hora o que a vida vai realmente te oferecer e quando você ver isso, você se vai fazer a pergunta: 'eu quero receber isso?'. Aí é tarde demais.

Falei.

(Alguns alunos acenam a cabeça, uma aluna levanta a mão e diz:

- Odiei tudo que você disse. Snoopy não é o cínico, é você que é.

"São Paulo representa"

Fui no Google e escrevi "São Paulo representa", com aspas mesmo. Olha só no que deu:


São Paulo representa em torno de 50% (cinqüenta por cento) do movimento de informações de protesto do País

São Paulo representa uma vantagem para os jovens que querem estudar

São Paulo representa 40% do total do comércio do país

São Paulo representa cerca de 42% de todos os presos do País

São Paulo representa as condições perversas da colonização do Terceiro Mundo

São Paulo representa a partir de agora a capital da América Latina diante do mundo da moda

São Paulo representa 60% dos documentos do Detran

São Paulo representa em favor de nós todos, na grandeza do Brasil, com todos os seus representante, com todos os seus templos religiosos instituições históricas e culturais, industriais, conquistas, patrimônios, valores e dignidades, com tudo de grande e belo, sublime e nobre elevado e útil.

São Paulo representa mais de 50% da arrecadação total de prêmios do mercado de seguros

São Paulo representa entre 47% e 48% de toda a produção industrial

São Paulo representa a maior força produtiva do país

São Paulo representa um verdadeiro martírio para internar viciados em drogas em hospitais públicos

São Paulo representa mais de 40% das vendas no varejo de todo o Brasil, só a região metropolitana da cidade de São Paulo representa 22,4%

São Paulo representa ao mesmo tempo o Estado mais adiantado do País e aquele no qual a crise de desemprego em massa é mais grave

São Paulo representa 22% do total de votos do Brasil, daí a sua importância

São Paulo representa 30% do mercado brasileiro de petróleo

São Paulo representa 43% da população economicamente ativa (PEA)

São Paulo representa a oportunidade de morar com sua mãe, que vive sozinha

Uma frase de PAULO COELHO

Nunca li um livro inteiro dele, então eu realmente não sei se ele é bom ou não. Mas essa frase é genial:

"O futuro pertence aos excluídos."

WANDECO

Não sei a quanto tempo fico imaginando uma versão brasileira do James Bond, do James Bond das décadas de 50 & 60 (Sean Connery). O codinome dele é Wandeco e trabalha para Jucelino Kubichek, aqui estão alguns de seus pensamentos durante a vida.



04/12/2003

Wandeco – Agente Secreto Brasileiro


(pensamentos)


Ja levei tiro e já levei flechada. Com uma flecha na batata da perna, corri dez quilometros sem parar. O presidente estava sendo atacado por índios Tambiras ao chegarmos em Boa Vista, ele correu de volta para o avião. O avião foi e nós ficamos.

Boa Vista é um aeroporto com mato e mato, começamos a correr por nossas vidas para qualquer lugar. Sacamos a arma mas ninguém tinha munição. Quando Jorge perdeu a parte de cima da orelha com uma flecha, virou uma maratona insana. Jorge sangrava em bicas, e os índios não arredavam, correndo e se aproximando de nós. Quando chegavam bem perto eles paravam para sacar o arco e mirar as flechas o mais próximo possível da gente.

Uma flecha me pega na perna e eu começo a pensar comigo mesmo: eu estou no lugar mais longe do planeta.

...

Diferente do livro, James Bond não tem nome, só número. Eu o conheci, e ele não se parecia com Sean Connery, e nem era muito alto, nem era magro, nem tinha boa pinta. O incrível de 007 era que ele falava português melhor do que eu sabia falar inglês.

Eu conheci também 004, 005, 009 e 018. 018 era bastante gordo, meio chato, ele é daquela espécie de agentes que estavam sendo aposentados rapidamente. Foi com ele que nós brasileiros mais tínhamos contato.

007 ficou revoltado com o filme que fizeram sobre ele, porque a agência britânica teve que mudar os codinomes dos agentes por causa do filme. 007 agora é Charles Binder. Mas Charles adorou o tema do filme e fica cantarolando ela de vez em quando.

...

Eu não sou o melhor, sou o único que presta. É por isso que eles ainda me convocam pra negociar. Eu preferiria lidar com os franceses, menos neuróticos. Mas Cuba é sempre bem vindo. Cuba é sempre a minha parada final.

Lá no meio da fumaçaraiada de charuto no palácio presidencial de Havana, acompanho o Fidel se questionando sobre cinco execuções. Enquanto os americanos eram neuróticos, os comunas eram obsessivos. Transar com uma comuna soviética em Cuba é a melhor experiência sado mazoquista que existe. Cuba definitivamente é um lugar estranho.

Todos os espiões de Cuba são homens, todos os cinco deles, e passam a vida na Flórida vendo TV e lendo jornal, mais nada. Fidel me perguntou o que eu achava deles, então comecei.

WANDECO
Olha o Xavier é meio cabeça dura, mas é dedicado. Os outros não valem nada.

FIDEL
Não Pode ser! Você está chamando meus mais sérios homens de confiança de traidores!

WANDECO
Mais ou menos... olha Fidel, sendo franco, eu sou de uma república de bananas, maior, eu sei, um império de bananas... é.. em todo o caso, esse não é o seu caso, você é o maior estandarte da bandeira comunista no ocidente, e nós um gigantesco império de bananas governado pelas garras do comércio americano. Então, eu não sei porquê a coincidência, o nosso problema com agentes no exterior é o mesmo que o seu, se tentarem fazer qualquer coisa eles são comprados antes de começar, os nossos agentes são sempre descobertos logo de cara, e eles sabem disso e não nos falam nada pra não perder a merda do emprego. Então eles não fazem nada, nada, que nem os agentes brasileiros.

FIDEL
Eu já sabia disso tudo, já tentei de tudo, nada funciona, eles são todos uns bunda moles. É como se Cuba não precisasse tanto de informações como agora. Porque o Brasil tem agentes afinal? Vocês são tudo um bando de bunda moles!

WANDECO
Fidel, me responde isso, homem que montou seu time de inteligência é um ex-assassino americano?

FIDEL
Como você sabe disso?

(É sempre um saco estar do lado de um homem que já matou vários e exibe essa aura de que ele pode fazer o mesmo com você a qualquer momento, é parecido com um encontro com uma onça, o jeito que resta é encarar a besta nos olhos e berrar mais alto que ela.)

...

Eu ainda escuto a voz "This is Orson Welles, speaking from South America, from Rio de Janeiro, in United States of Brazil!".

Foi a minha primeira missão para o governo, acompanhar Linda Batista até Orson Welles que apresentava o aniversário de Vargas no cassino da Urca. A levei até o gigantesco microfone enquanto todos sambavam para a maior rede de rádio dos EUA.

Welles traduzia as letras, fumando um charuto, "tchudjo é Brasil, That means All is Brazil."

Sempre fiz parte do governo, desde quando eu era moleque e meu pai ministro. Ele que me pôs no Itamaraty, mas o Itamaraty me pôs pra fora.

...

As ruas do Rio ainda estavam de ressaca do carnaval quando parti. Agora estou no meio do sertão, testemunhando a construção dessa Brasília. Não há nada aqui, nada, nem cimento e ao mesmo tempo o país estava sendo governado daqui.

O nosso treinamento deveria ser no novo prédio, no Itamaraty, que ainda não está pronto por falta de cimento. Ficamos meses dentro deste barraco de compensado armado ao lado dessa gigantesca torre de transmissão que transmitia para ninguém, e de onde podemos assistir pela janela, a esplanada sendo erguida. E ainda por cima tendo que assistir as insistentes apresentações do almirante Machado, sobre a importância dos relatórios de balística da marinha

Em um momento total de sono, o presidente abre a porta, já interrompendo o almirante. Assim como Vargas, JK só usava linho branco.

....


Aqui é um lance que fiz do Enéas um vilão contra Wandeco (se passa na década de 50 mesmo):


WANDECO Contra:
Doutor Enéas e o Fungo Comedor de Dinheiro

Dublagem Herbert Richards


Doutor Enéas tem uma visão para o Brasil, e ele a levará para as últimas conseqüências seu sonho. Mesmo que isso signifique acabar com o resto do mundo, ou pelo menos com a economia mundial. Fazer do Brasil o grande sobrevivente que emergirá das trevas com seu plano diabólico.

Nos laboratórios secretos das galerias de esgoto nas ruas de São Paulo, Doutor Enéas uniu um grupo para dar cabo ao seu mais ambicioso projeto, criar um fungo que dissolve papel que fosse acionável por uma freqüência de rádio. O fungo se distribuiria pelos cinco continentes, e numa dada ordem, todos os papéis e dinheiro do planeta se dissolveriam em um instante, desmascarando assim a fraude e a ilusão da economia imposta pelos nossos dominantes.

DOUTOR ÉNEAS
É pelo bem de nossa nação! Não podemos mais nos rebaixar a essa misórdia pútrida e fecal que nos cerca! Ano após ano nós vemos nosso sangue sendo entregue em uma taça de prata para estes delinqüentes feudais!

ASSISTENTE EPAMIMONDAS
Eu sei, Doutor Enéas, eu sei, mas o senhor sabe que esse fungo vai destruir todos os livros, documentos históricos, tudo, o Brasil... bem, o Brasil não vale tudo isso...

DOUTOR ÉNEAS
O senhor não sabe do que está falando, peço respeitosamente para que o senhor se retire.

ASSISTENTE EPAMIMONDAS
Mas Doutor Enéas!

DOUTOR ÉNEAS
Eu não tolero voz alta em meu laboratório, o senhor saia como eu te pedi imediatamente.

ASSISTENTE EPAMIMONDAS
Você não pode continuar com isso até o fim...

DOUTOR ÉNEAS
Escoltem este homem para uma cela, este homem está se tornando perigoso para a salvação nacional.

Dois capangas do exército carregam o ingênuo assistente pelos ombros, e ele berra:

ASSISTENTE EPAMIMONDAS
O senhor é louco, Doutor Enéas!

O que o Doutor Enéas não sabia era que o pó da destruição do dinheiro e do papel solto no ambiente reagiria com o gás freon™ dos sprays de cabelo e mandaria tudo pelos ares. Será que Wandeco impedirá Doutor Enéas a tempo? Será que Wandeco descobrirá qual música nas rádios acionará o fungo comedor de dinheiro? Provavelmente não. Mas não perca mais uma nova aventura do agente secreto brasileiro, o Wandeco!

A esquecida palavra HYPE

Só ouvi até hoje uma boa definição do hype, um publicitário careca de UK segurava uma placa de carro e dizia assim “essa placa não vale muita coisa, mas se eu jogá-la contra uma vidraça de uma loja da Rodeo Drive, essa placa de carro vai ter outro valor, esse novo valor agregado é o hype”.

Algo na cultura mudou radicalmente nos últimos quatro anos, em 1999 a CNN amargava seu maior pesadelo, sua audiência estava traço. Nada acontecia no mundo, a MTV americana desfrutava de seu maior momento porque a única coisa que havia para se prestar atenção era no Hype.

O hype de ontem nos fazia sentir mais vivos do que as notícias de hoje, porque o hype exigia engajamento, as notícias não exigem nada para acontecerem.

Alguns podem falar: aquele mundo era feito de castelos nas nuvens, não existiu de fato. E eu digo: pode até ser, mas morando nestes castelos nós tínhamos uma vista mais bonita. Claro que hoje construir estes castelos perdeu qualquer sentido, o hype, com isso, is gone.

Esse papo sobre o fim do hype é muito semelhante a respeito de um conflito filosófico que se vê nas entrelinhas das ideologias atuais. Você liga a TV no Roda-Viva e vê um professor dizendo que é hora para se parar de pensar em utopias, que nada que pode acontecer no mundo real parte genuinamente de uma ideologia.

Logo temos que parar de procurar o mal do mundo, e partirmos para a negociação com ele, é isso que o professor fala. Os filmes (de verdade) de hoje refletem diretamente isto, quando O Pianista acaba, alguns saem revoltados dizendo ‘a vida já é tão ruim, praquê que vou querer ver mais miséria?’

Antes de 99, quando não havia notícias (no news is good news), American Beauty propôs o fim de um conflito existencial que surgia em todos nós quando o empapuçamento com o consumo e o desejo frívolo de vaidade e ganância nos deixou sem espaço para viver. O filme parece ter perdido parte de seu propósito hoje.

Depois da demolição dos castelos, ficamos sob as nuvens que nos escondem do sol, vemos tudo nublado. Em um abrigo nuclear nos sentamos pacientemente esperando e esperando a radiação passar para subirmos de volta a superfície um dia. Até lá, this is CNN.

Thursday, April 08, 2004

ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND é um puta filme.

Sunday, April 04, 2004

JUVENAL NO MUNDO BIZARRO

É uma idéia que escrevi sobre um cara normal que cai em um mundo totalmente invertido, seguindo o Mundo Bizarro do comics superman.



04/12/2003

JUVENAL NO MUNDO BIZARRO


Juvenal era sempre certinho.
Juvenal só tirava dez.
Juvenal era virgem.
Juvenal foi atender a campainha e no meio do caminho entrou em outra dimensão.

No Mundo Bizarro, Juvenal é o rei das drogas e da prostituição da Zona Leste, a capital do terrível império brasileiro.

No Mundo Bizarro o Brasil compete com a Argentina pela supremacia espacial, colonizou Marte e parte em rumo à terceira Lua de Júpiter, Europa.

Mas Juvenal não tem a menor idéia do que fazer, o que fará um cara certinho no impiedoso mundo das drogas e das vulgaridades onde ele é rei? Todos querem o dinheiro dele, todas querem dar para ele, e Juvenal não tem a menor idéia.

Ação, aventura, perplexidade, romance, porque é...

JUVENAL NO MUNDO BIZARRO!




Capítulo de hoje: A festa das Primas


No Mundo Bizarro todas as primas de Juvenal são dadas e gostosas. Como são muitas, elas comemoram todos os aniversários na mesma festa. A casa gigante fica no interior de Goiás -conhecido também como a quinta maravilha do mundo, logo depois de Bertioga-, bem, Juvenal está preso no trânsito, que no Mundo Bizarro só anda de ré.

O celular toca, é a prima 19, segundo o visor do celular dele.

- Alô?
- Juvenal, você não vem?
- Tô tentando chegá aí, mas me disseram que meu jato tá pintando.
- De novo? Pôxa Juvenal vê se dá um jeito, vem logo, você sabe que é o nosso único convidado, você sabe né?

Juvenal não emitiu um som durante cinco segundos. Ele volta e pergunta:

- Quem tá aí?
- Eu e a Nê, a Sô, a Fê, a Lú, a Cê, a Jô, a Alê, a Pá, a Tá, a Gi, a outra Lú, a Di, a Vi, a Má e mais duas Fês ainda tão chegando.

A cabeça de Juvenal não podia mais suportar tamanha dádiva, mas de alguma forma ele sabia que havia um preço.

- Vocês querem que eu leve algo?
- Além do seu corpinho, um poquinho de maconha, a gente gosta de um lance lúcido na transa.
- Lúcido?
- Seu lance aí é bom não é? Vai deixar a gente bem lúcida, não vai?
- Acho que... sim... claro que vai. É sempre bom estar lúcido... né?
- Eu gosto, mas tem gente que não gosta, se meus pais soubessem que ando ficando lúcida de vez em quando, eles me matam, me botam no manicômio. E aí, cê tá vindo?
- Tô.
- Quando cê chega?
- É... daqui a pouco... espero.
- A gente tá esperando, beijos, tchau.
- Tchau.

RAIVA SOBRE JUÍZES

Odeio direito, devo ter escrito isso quando estava com muita raiva de alguma sentença ou liminar que vi na TV:


19/04/2003

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA CAPITAL:

Um dano material não é o único que dá abertura a ação de reparação civil; um interesse moral é suficiente. Por isso mando-lhes tomar em vossos excelentíssimos cús, bem como no de suas excelentíssimas prostitutas progenitoras. Ressalto a necessidade urgente de tal veemência.


São Paulo, 19 de Abril de 2.003

O FEIO

07/12/2003

***falta a outra metade, "Galã", que perdi (era genial)

Que permissão tem o feio de ir além?

E perguntam: que outro modo há de amar?

Resposta: Talvez não exista, mas o feio nunca saberá de fato.

O feio quer ser visto como não feio, e elas entendem. Em troca disso rola o jogo da falsa pureza feminina. São raros aqueles que não são feios, ou monstros, pelo menos em algum dos sentidos, sendo ou o rosto ou gosto ou corpo ou bolso.

Quando se é um monstro a vida é curta, sem memórias, só arrependimentos do pouco que lhe foi dado sem nenhuma coragem. O perfil é a do sem-auto-estima sem ninguém porque não tem qualquer estima. É uma tristeza auto-suficiente, é uma cólera que corre o intestino até viajar de volta à boca.

Aquelas que se atrevem a tratar um monstro como coitado se arrependem cedo. Primeiro porque é uma ilusão de um escambo mercantilista e segundo porque coitados não existem. Mas parênteses: o Apollo só existe no momento entre as pré-preliminares e o último orgasmo com o macho capaz.

Isso tem importância para os feios porque elas amam esse maldito parênteses, e eles ardem no inferno da maldita indiferença de não pertencerem a ele.

Fico pensando nas minas que era a fim mas só davam para o macho capaz, que dar para o feio seria só camaradagem. E é incrível que se eles dispusessem a comer a feia não seria camaradagem.

E elas dizem que o mundo é assim (escuto na continuação ‘...meu filho’, nada xinga mais do que uma mulher te chamar de ‘meu filho’). E o mundo é assim mesmo, fato, elas dão fácil praquele que come todas, como em uma bolsa de valores que inflaciona o ego do cara que atrai mais investidoras.

E nesse mercado os feios são como um daqueles países emergentes que só atrai capital de risco. Em que qualquer flutuação ou ‘humor’ das investidoras afeta o frágil ego.

O feio pode até se vingar, Bill Gates é uma vingança, Bush, Hitler e Stalin também. Ele pode ser até presidente dos States como Kennedy e comer a Marlyn Monroe, mas nunca vai saber o que ela teve que sublimar para ele tê-la. Como eu disse no começo, ele nunca vai saber de fato.

E quando falam que o feio pode dar um bom namorado? Convenhamos, essa conversa para boi dormir irrita as raízes da alma. O que pode fazer do feio um bom namorado? O fato de nenhuma outra mina querê-lo? Quando o feio consegue uma namorada, na primeira oportunidade, se houver, ele vai chifrá-la.

O triste é que é um problema sem solução e sem culpados. Aqueles que podem, conseguem, e aqueles que não podem, assistem. É um problema como a fome, a miséria ou as guerras, acontece, faz parte da natureza. Queria passar alguma palavra de consolo para os feios, mas qualquer uma seria jogar esperanças descartáveis.

O feio assim como o macho capaz, querem a coisa: serem desejados, de serem o elemento mais precioso do universo de uma mulher, mesmo que seja por um instante bêbado. Enquanto um abunda, o feio imagina, e na imaginação as coisas são infernais.

O que resta para o feio é se convencer de que não é feio, lendo compulsivamente dicas da VIP e Playboy. Lá encontrará respostas variadas para o estranho comportamento feminino em relação ao feio. Tirando isso, conforme-se de sua própria feiúra porque aqui não há segunda chance, e quanto mais velho, mais feio. Que assunto deprimente, não?

DOPS - Rascunho de roteiro

Achei também um rascunho de roteiro que fiz não lembro quando.



19/09/2003


DOPS


SINOPSE:
Um grupo de confiança do general Geisel se infiltra no DOPS paulista para derrubar o poder paralelo que lá havia nascido.



Parte I:
A PRIMEIRA TERRÍVEL NOITE




LETTERING
Central da DOPS – São Paulo – 1973


DOPS – Central Paulista, INT. NOITE

No corredor mais afastado da burocracia do prédio, em uma parede com a tinta carcomida e vários cartazes colados aleatoriamente, tem os seguinte dizeres em letras garrafais: “IMPEDIR INDIVÍDUOS CAMUFLADOS VENHAM PERDURBAR A PAZ SOCIAL E ATENTAR CONTRA A ORDEM E A AUTORIDADE CONSTITUCIONAL”. Abaixo dos dizeres uma máquina de telex toca o alarme ao começar a bater as letras no papel.

FOLHA DO TELEX
*****INÍCIO DA TRANSMISSÃO*****

DE: ----------
PARA: ----------

(Pseudônimos)
comandante Ralera Franco: agente Joaquim Eugênio Frade
comandante Thomas Etíope: agente Teotônio de Moura-Villa
comandante Elvis deMarco: agente Aymone Freinchenmiller
comandante Chico Passarela: agente Carlos Vargas Castelo Branco
comandante Gervásio Bach: agente Rodolfo Pinheiro Guimarães

*****FIM DA TRANSMISSÃO*****

Um cabo se aproxima da máquina arranca a folha, lê e vai para o escritório no fim do corredor.


ESCRITÓRIO do Comandante TOBIAS INT. NOITE

Em uma sala forrada de colunas de papéis e arquivos, um homem gordo de bigode lê um relatório qualquer ao ser interrompido pelo cabo.

ANSELMO
Comandante, acabou de chegar esse telex e tá sem remetente.

O homem gordo agarra a folha e lê rapidamente.

TOBIAS (rindo)
Olha só esses nomes! Só pode ser uma piada.

ANSELMO
De quem são esses nomes comandante?

COMANDANTE TOBIAS
É mais um time que Brasília tá mandando. Eles chegarão ainda essa noite.

ANSELMO
Porque mandaram nomes verdadeiros desses agentes?

COMANDANTE TOBIAS
Alguém da cúpula quer que eles fracassem. Assim como os outros, não é óbvio cabo?



DOPS, Subsolo INT. NOITE

Percorrendo o corredor aterrorizador e agonizante das salas de tortura, um grupo de soldados carrega um homem chorando algemado.

JOEL
Eu só tava fumando um baseado, pelo amor de Deus!

Os homens o carregam para uma sala e o depositam em frente a um homem vestindo a clássica gravata desabotoada com abotoaduras douradas.


COMANDANTE INÁCIO
Você conhece o Laranjinha...

Ele olha para a pasta e procurando por um nome.

COMANDANTE INÁCIO
...Joel?

JOEL
Sim, eu conheço, eu divido o apartamento com ele.

COMANDANTE INÁCIO
Você tem conhecimento das práticas ilegais e de subversão em que ele atua?

JOEL
Que práticas? Não sei de nada. Ele só me paga o aluguel com maconha. Fora isso, eu não sei de mais nada, juro.

O comandante Inácio acena com a cabeça e os soldados se retiram da sala.

COMANDANTE INÁCIO
Me deixe explicar bem claro a situação em que você se encontra, ninguém sabe que você está aqui, você está em um lugar onde sangrentos acasos acontecem, como um... acidente na estrada de Santos, por exemplo. Qualquer coisa pode acontecer com você se você não cooperar.
Me diga, você é um inimigo do regime?


Um berro alto podia ser escutado ao fundo.

JOEL
Não.

COMANDANTE INÁCIO
Então porque mente para mim? Você não vai querer dividir a mesma cova que seu amigo, não Joel? Você será condenado à inexistência junto com ele meu amigo, mas eu tenho poder para te dar uma última oportunidade pra você escapar daqui e voltar para a sua namoradinha hippie e continuar em paz com a sua vida.


AEROPORTO DE CONGONHAS, INT. NOITE

No auto falante do aeroporto, a suave voz indica a chegada do último vôo.

AUTO FALANTE
O vôo 470 com origem de Brasília acaba de pousar.
The flight 470 with Brasilia’s departure just arrived.

Cinco homens de terno, aparentando uns trinta anos saem do desembarque e vão de encontro a um soldado que pacientemente os espera em pé.

RALERA FRANCO
Soldado Teixeira? Comandante Ralera Franco.

SOLDADO TEIXEIRA
Bem vindos a São Paulo senhores, querem ir para o hotel?

ELVIS DEMARCO
Não soldado, leve-nos diretamente ao DOPS.


DOPS – Saguão, INT. NOITE

O soldado Teixeira encaminha os cinco homens de terno pelo prédio, quando um deles se vira para um outro.

CHICO PASSARELA
Tô com uma bala na agulha.

GERVÁSIO BACH
Só trouxe o 38, estamos mais seguros aqui do que longe deles.

CHICO PASSARELA
Nunca confie em paulistas.

GERVÁSIO BACH
Nunca confiei.


ESCRITÓRIO DO COMANDANTE TOBIAS, INT. NOITE

Soldado Teixeira abre a porta do escritório, deixa os cinco homens de terno entrarem e então se retira ao receber o aceno do homem gordo sentado em sua mesa.

COMANDANTE TOBIAS
Pontualidade, isso é novo!

RALERA FRANCO
Desculpe fazê-lo nos esperar até agora comandante.

COMANDANTE TOBIAS
O comandante é advogado?

RALERA FRANCO
Entre outras coisas. Eu sou o comandante Ralera, este é o comandante, Chico, Elvis, Gervásio e este Thomas.

COMANDANTE TOBIAS
De onde vocês tiraram esses nomes? Você se chama Elvis?

ELVIS DEMARCO
O rei não tem monopólio do nome.

COMANDANTE TOBIAS
Bem senhores, eu só fiquei sabendo que vocês chegariam ontem, e a burocracia daqui é muito lenta, o escritório de vocês só vai ficar pronto na próxima semana, e até lá vocês podem ficar na ala 3-a, é lugar quieto para vocês começarem seja lá o que for.


DOPS – Ala 3-A, INT. NOITE

Os cinco homens de terno entram na gigantesca sala que mais parece um depósito vazio do que um escritório. Fios de água percorrem a parede formando desenhos com a ferrugem do prédio; um sofá empoeirado de couro preto, três mesas vazias e um telefone era a ala 3-a.


THOMAS ETÍOPE
Perfeito. Em quanto tempo a gente consegue um escritório de verdade?

GERVÁSIO BACH (em voz baixa)
Talvez nunca. Dane-se isso, precisamos começar a agir agora.


Chico abre a bolsa e desmantela todo o arsenal contido nela, Thomas também. Ralera vai em direção ao telefone.

RALERA FRANCO
Vou mandar o sinal.

Comandante Ralera agarra o telefone e disca de memória. Esperando atender ele verifica se seu 38 está carregado, e então é atendido.

RALERA FRANCO
O corpo vai perder a cabeça hoje.

Tão logo falou, desligou o telefone.

Something in engrish

de vez em quando escrevo em inglês, não sei porquê, encontrei esse treco que escrevi:

06/08/2003


(to chain smoke)

Consumed like a cigarette
Burning for your smoke
For something I’ll regret
To live someday gray
like in n’ashtray

You can have me
Without a tolerable degree
The Giger goes downbeat
You gone with my core’s heat

OUTRO TEXTO SOB EFEITOS DE ENTORPECENTES


07/12/2003

A aurora e o crepúsculo de Astrogildo Tavares


Quem fala é Deus, criador de tudo que há. Convenhamos, a vida de Astrogildo não será tudo aquilo que ele espera em seu berço nos céus, muito pelo contrário, será triste.

Não é culpa dele, ele terá a melhor das intenções, irá sempre querer pensar no melhor, na paixão, na amizade. Mas querer é o oposto de poder, o grande trauma de todos vocês.

Vocês vivem em um mundo ilusório onde todos acreditam que poderão ser completos um dia, custe o que custar.

O engraçado é que mesmo tendo projetado tão descentemente vossa estrutura, deu tudo errado. Todos vocês procuram algo que não está aí e nem lá, e é uma coisa que vocês criaram e me impreguinaram.

É incrível que Eu tenha imaginado criar um ser melhor do que Eu, afinal vocês são meus filhos. Será que terei que mandar Lúcifer de novo? Vocês só funcionam sob pressão?

Vocês mentem para si mesmos acreditando em seus sentimentos e não na realidade. A realidade magoa muito mais que qualquer depressão.

Astrogildo lutará para ser melhor, e falhará por não enxergar um palmo à sua frente.

Para mim será só mais um fracasso como foram os outros. Eu olho para essa próxima remessa de almas perdidas e vejo só um punhado que retornarão sãs.

Astrogildo voltará encardido e terá que ser sacrificado para não continuar sofrendo.

Vejo ele pronto para zarpar e vejo seu pai lhe oferecendo drogas sem querer, vejo sua mãe o castigando pela ausência do seu pai.

Astrogildo crescerá estupidamente revoltado com o mundo mas sucumbirá a ele na mesma moeda. Ele deixará de ser um aquilo para se transformar naquele que trata os outros como aquilo.

Sua mãe até terá orgulho dele, sua única contribuição para o mundo. Seu pai não se importará com nada, mesmo que ele deixasse de ser um gay em potencial.

Ele se casará com Matilde, Matilde Tavares. Uma mulher que pouco se importará com ele, Astrogildo será apenas mais detalhe da casa como o cachorro, a empregada e os filhos.

Matilde parecerá sempre estar disposta a lutar por tudo que parecesse nobre, mas na realidade nunca fará nada por ninguém.

Seu único filho, Daniel Tavares, o odiará. Tentará botar fogo em seu próprio quarto, criará conspirações entre a própria família até se afundar na maconha.

Astrogildo nunca verá um neto, só verá uma conta bancária que se esvairá com a sua vida. Uma dívida impagável irá lhe dar um infarte fulminante em seu quinquagésimo aniversário.

Ele não irá recorrer aos amigos, seu orgulho não permitiria. Astrogildo apostarará alto e sua alma arderará no inferno sombrio da inexistência.

Que alterantiva ele teria? Se ele sobreviver, se ele se subverter, se ele criar dúvidas que eu não imaginei, então, talvez ele será salvo. Mas até lá eu não aposto nele.

SOB EFEITOS DE ENTORPECENTES

Estou relendo alguns textos meus escritos no passado, às vezes me surpreendo com o que já escrevi:


10/06/2003

A amplitude do INFINITO


Meu Deus, como a nossa mediocridade é gigantesca em frente ao nosso desafio maior, e como nós nos conhecemos pouco para chegar às nossas verdadeiras intenções. Em termos astronômicos ainda não nos diferenciamos muito de uma ameba, mesmo com a nossa inteligência e a habilidade para gerar ferramentas e desculpas.

A nossa vontade sempre foi a de transpor nossas limitações biológicas, a de alcançar o divino através das nossas próprias mãos. E agora nos defrontamos com a mesquinharia de todos fingirem guardar para si mesmos a posse do poder.

O mundo que vivemos é um cassino em que viver são três cartas que recebemos pela sorte, onde todos se mostram recebendo um royal street flash pela incubência dos céus.

Alguns herdam notas promissórias dos pais, outros a herança milionária de políticos corruptos, ou recebem o analfabetismo órfão que convive com um tio alcoólatra que nada quer saber além de uma putaria e uma cachaça. Os dados rolam para cada vida que nasce, e o resultado deles é sempre interpretado de acordo com a conveniência de cada um.

Os valores se distorcem para que se moldem à consciência forçada pelo caos, e a cada distorção se gera uma culpa. Para cada culpa surge uma expiação, um motivo para que vejam que a decisão não foi tão errada quanto tinha dito o bom senso.

Os motivos são sempre travestidos de um caráter racional, que buscam um atalho para poder negar algo a respeito de si mesmos em prol de uma barata bonança. Mas no olho cético se despe uma caricatura daquilo que já foi louvado um dia, em que se vê uma promíscua subversão em liquidação, se vê que os valores foram fatalmente convertidos às custas das perdas ou do ganho fácil.

Por mais que se erre, ninguém se sente menos nobre, como se existisse uma nobreza no erro para limar o dano. As falhas de caráter são invisíveis dentro de nós, mas fora é outra história. Criamos a redenção para evitar um colapso da consciência, pois erramos a quase todo o momento, mas devemos sempre nos ater que a redenção é uma propriedade da ficção, e não do cotidiano.

No dia a dia o Grand Canyon de nossas vidas se torna maior, o rio varre cada vez mais fundo nas pradarias. A cada dia nos impressionamos com o abismo gerado diante de nós, ainda mais quando percebemos que o rio só anda em uma direção. Vivemos um gigantesco mal estar em que prorrogamos as atitudes até o arrependimento total.

Somos frutos de nós mesmos, a isto não há expiação. Se vivemos em um mundo onde os ricos são felizes por se esbaldarem naquilo em que os outros se esgoelam durante uma vida inteira, é porque permitimos a nós mesmos querer fazer o mesmo se estivéssemos no lugar deles.

Friday, April 02, 2004

Claudius

Tenho um interesse mórbido pelos imperadores romanos, não foram muitos: Augustus, Tiberius, Gaius, Claudius & Nero. Toda essa história culmina com o nascimento do cristianismo e o fim de Roma.

Baixei uma mini-série britânica da década de 70 chamada 'I, Claudius', baseada nos próprios manuscritos de Claudius. É incrivel ver a semelhança entre a história do fim de Roma e a de uma novela mexicana, só que aqui não há moral, há sangue no lugar. É uma época em que a verdade é nada além da palavra de alguém próximo a você, a confiança era a diferença entre assassinar e ser assassinado na disputa do poder em Roma.

A história de Gaius todos conhecem, ele é o Caligula, que se declarou Deus no primeiro ano como imperador e durou outros três até ser assassinado por vingança pelos próprios guardas aos 29 anos. A história que ninguém conhece é a de Claudius, tio do Calígula.

Quando os guardas mataram Gaius (ele nomeou seu cavalo como consul e ordenou o exército catar conchinhas na praia já que não conquistaram a inglaterra), precisavam de alguém para sucedê-lo rápido. No meio do assassinato, Claudius estava escondido atrás de uma cortina, os guardas (os Pretorianos) o levaram forçadamente até o senado para que ele fosse nomeado Cézar.

O bizarro da história é que Claudius era estupidamente inteligente e culto, porém manco, muito gago, gordo, frágil e tido como idiota por todos (ele era tratado com as reservas de uma mulher). E pelo fato de ter sido tão subestimado pela sua aparência sobreviveu à chacina de Tiberius quando velho e paranóico e a de Calígula que matava qualquer um por qualquer motivo.

Claudius conquistou a Inglaterra.

É tão irônico a diferença entre a beleza de Gaius e a feiura de Claudius, eram nemêsis em todos os sentidos: Gaius, o mal estúpido; Claudius, a bondade encarnada. Aparência e essência é o meu tema preferido.

Thursday, April 01, 2004

ENGABELANDO JOÃO


Nas prateleiras da fnac há inúmeros livros sobre como escrever roteiros, como corrigir roteiros, como encontrar problemas em roteiros. Eu não consigo acreditar em nenhum deles.

Mês passado comprei um livro de Syd Field, "guru de todos os roteiristas", "o mais requisitado mestre em roteiros do mundo", eu estava descrente sobre a minha própria capacidade de escrever, e pensei: 'talvez esteja errado em menosprezar a versão do mundo daqueles que eu odeio'. Nas primeiras cinco páginas comecei a calcular o que podia ter feito com os trinta e cinco reais que gastei nessa merda.

Os exemplos que o dito usa para explicar seu raciocínio são Pulp Fiction, Um Sonho de Liberdade, Platoon, e 'outros grandes sucessos de Hollywood'. Ele fala coisas como: "veja como é simples a solução usada no...". É como se ele falasse: olha como o Ronaldinho faz um gol, é fácil, né? E depois ele 'explica' que Waterworld não funciona porque o roteiro é uma porcaria, vai tomar no cú, todo mundo sabe que o roteiro de Waterworld mudou um milhão de vezes durante a filmagem, que o roteiro se dissolveu mudando de mão em mão até ninguém mais saber do que o filme se tratava. Se o roteiro original era bom ou não, ninguém sabe.

Nenhum livro dessa raça consegue me dizer ao menos como separar um bom conceito entre outros tolos, ou como encontrar a semente do verdadeiramente interessante e pertinente. Só dizem que o segundo ato tem que começar entre as páginas 35 e 38 do roteiro. Mas não estou falando nada novo, Syd Field é só mais um McKee (Adaptation) que anda por aí vendendo terrenos na Lua.

Vou reassistir Adaptation, é uma aula mais produtiva.


Alguém quer comprar esse fascinante livro do Syd Field? Tô vendendo baratinho.