Friday, June 30, 2006

The First Cut is The Deepest

É, eu sei, é uma música do Rod Stewart, a música não fala de Edição, imagino, mas nisso tem toda a razão. Eu sempre tive uma relutância em assistir a Versão do Diretor, apesar de ter sido feliz com a minha primeira experiência, com Blade Runner, lá pelos idos de 90.

Diferente das 'Versões do Diretor' atuais, naquela Ridley Scott mais tirou do que inseriu, arrancou aquele final nas montanhas, a narração em off. Ele só adicionou a cena do Unicórnio e era isso. Essa era a versão que ia para o cinema, e que também não é a 'versão' que Ridley imaginava, mas era o que deu pra fazer. E como o filme foi modificado pelos produtores semanas antes da exibição, a versão original é de fato a do Unicórnio.

Sir Ridley pretende lançar uma nova outra edição de Blade Runner, fazer tudo aquilo que não podia ter feito na década de 80. Vai lançar em HD DVD ou Blue Ray, assim que as ações legais de direito do filme ficarem resolvidas. Não sei, em relação a este inglês, eu dou o benefício da dúvida, pode surpreender, quem sabe?

Vi agora as cenas da 'Versão do Diretor' de Amadeus. Que cagada. O filme é longo, originalmente longo, a 'Versão do Diretor' é gigantesca, e é menos de vinte minutos de material novo. Amadeus nunca foi sobre Mozart, foi sobre Salieri. E a nova edição faz do filme ser sobre Mozart, o ingênuo e infeliz Mozart atrevido. Acredito que Mozart era provavelmente ousado e não atrevido. Mas o Mozart deste filme é como Salieri o lembra, o filme é narrado por ele senil ainda por cima. A nova edição chuta para o outro lado e acaba caricaturando as atitudes de Salieri, e tudo descamba para uma cinebiografia de um pobre coitado Mozart um pouco depois do começo.

Assisti Donnie Darko, acidentalmente a 'Versão do Diretor', curti o filme, são de filmes dessa raça que precisamos. Os produtores mandaram capar o filme para poder distribuir, agora que virou cult, os produtores re-implantaram os frames de volta. Queria ter assistido no cinema na época, sou um idiota, porque nunca vou saber de fato o impacto original. Mas li o que o pessoal que viu as duas versões na sequencia achou das mudanças: "o filme foi destruído", "ficou óbvio demais", "não assista". Eu não sei o que pensar, eu não tiraria um frame do filme que vi, nem mesmo para chegar no osso.

Eu me neguei a assistir Apocalypse Now Redux, acho que por causa desse título, não sei. Eu amo o making-of desse filme, é um filme a parte, e lá tem o Copolla tendo chilique porque a cena com os latifundiários franceses era ridicula e ele pediu para todo mundo esquecer que aquilo existiu, isso durante a filmagem. Agora tá lá no 'Redux'. Vai entender. Não quero ver, para mim Apocalypse Now só existe um e vai continuar assim.

O Star Wars reembalado é um pesadelo, eu pulo.

A questão é o seguinte, se dependesse do diretor, ele editava o mesmo filme para sempre, ele nunca vai chegar ao 'é isto'. Todo o cinema é filmar o elefante bêbado, ele não entende uma palavra sua, está bêbado e você tem um deadline. Nessa corda bamba que as pessoas tem que dar o impossível de si, e é daqui que a vida de um filme nasce. Mas se o filme fez sucesso, o sangue agora está frio, com um Avid nas Bahamas e todo o tempo do mundo, você pode começar a achar que agora você pode fazer uma edição melhor.

Kubrick reeditou três vezes 2001 antes da estréia no circuito, a última dias antes. Nunca mais tocou nele depois da estréia. Assim como todos os outros filmes. E acredito que seja por princípio, e não gosto. Só pode haver uma versão. Infinitas versões ainda é impossível.

Filmes multilados pelos produtores merecem que a versão original seja exibida (Orson Welles que o diga, seu segundo filme teve os negativos queimados pelo estúdio, todo o último terço do filme, e isso enquanto ele estava no Rio). Mas agora todo DVD de filmes mais antigos como Stripes só se vende a 'Versão do Diretor', um inferno, um monte de cenas descartáveis. E é isso que é tão estranho, quando você bota uma cena a mais naquilo que você já conhece, a mudança é minúscula mas muito contrastante. Agora, de um filme que ainda ninguém viu, a mudança é total e imperceptível. E você nunca vai saber a dimensão disso até lançar a 'Versão do Diretor'***

***olha, eu arrancaria fora uns quinze minutos de Magnólia, o filme que saiu soa 'Versão do Diretor', não sei porquê.

Friday, June 09, 2006

Pixar Studios

cruzei com umas fotos dos estúdios da Pixar, Disney, melhor dizendo


Este é o hall de entrada
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Estas casinhas são os cubículos de trabalho
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O chill-out . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Cubículo de luxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Esse é o HAL 9000 deles

Thursday, June 08, 2006

Coisas proibidas na Sociedade Moderna

1) Beber cerveja de Manhã
2) Tomar café de Madrugada

Tuesday, June 06, 2006

'00s

olha só, entre as várias coisas que George Lucas matou em Star Wars, a que eu acho mais preciosa era aquele Kurosawa approach. Olha diferença entre a arte da década de 70 e das que fazem hoje. (táh, eu sei que é um lance de mercado, mas ainda sim eu acho uma merda esses photoshops)





Saturday, June 03, 2006

Aint it Cool?

Segunda vez que assisto XMen: The Last Stand, e é a primeira vez que sinto um filme ser mais intenso ao ver de novo. Que filme formidável, quem sabe de tudo que rolou nos bastidores, sabem o que aconteceu aqui foi um milagre.

O XMen 2 foi divertido, inofensivo, meio chato às vezes, como um desfile de escola de samba. Era o mais do mesmo. E era o que se esperava do terceiro filme. Nisso Brian Singer abre mão de fazê-lo para dirigir Superman, o que parece uma escolha natural. A Fox chama um diretor sangue novo para continuar a empreitada. Que entra em pane e se manda semanas antes da filmagem, alegando ‘ficar longe da família por um ano’ (mas se Maomé não vai a montanha...).

A ironia do destino é que o diretor de Last Stand, foi o último diretor demitido de Superman. Brett Ratner que dirigiu o melhor da série Hannibal –que teve quatro filmes se você contar Manhunter de Michael Mann (85), que é a mesma história do Dragão Vermelho que Ratner dirigiu. Inclusive o processo de transformação psíquica do Ralph Fiennes no Red Dragon é semelhante ao de Phoenix/Jean Gray de XMen.

Como eu sei de tudo isso? Por causa desse site Aint it Cool News. Assim como fofocas de novela são ditas no cabeleireiro. Perguntas do tipo ‘Diretor pediu demissão do XMen?’ ‘Avi Arad tá fora da Marvel?’, lá é o primeiro lugar que esses gossips aparecem. As fontes são do baixo clero de Hollywood, pessoas que fazem a ordem do dia, desconstróem cenários e são até mesmo tour-guides (e um deles agora está virando diretor).

Eles fazem isso há tanto tempo que os próprios estúdios lhes passam pré-estréias exclusivas. E o último choque recente no site foi a crítica em primeira-mão de Last Stand. Harry, o fundador e dono, dechavou o filme dizendo ‘I cant Stand the Last Stand’. Harry é o dono de um poster de King Kong da década de 30, e que Peter Jackson fez ofertas de centenas de milhares de dólares, e o cara não aceitou, o cara é anal assim.

Todo mundo queria um bom terceiro filme de Xmen, o Aint it Cool passava notícias todas as semanas que sempre diminuíam a esperança do filme ser bom. Acredito que até a própria Fox se sentiu insegura, e quando essa empresa em especial se sente insegura, sai da frente. Acredito que filmes desse tamanho é como trabalhar com um elefante bêbado, tomar cuidado para ele não pisar em você, cuidado para ele não sair correndo destruindo o cenário, e ainda, no resultado final na edição, o elefante tem que parecer sóbrio igual em todas as cenas.

A estréia foi mundial, li as três críticas no Aint it Cool, falando da merda que é o filme, e que ele destrói todo o universo dos XMen. Tirando a crítica dissonante do Tour-Guide, que parece ter assistido outro filme apesar de descrever a mesma história. Mesmo assim fui assistir o filme mais pela obrigação geek minha. Cinema lotado, platéia desconfiada. Passou uns dois trailers de comédia, ninguém riu, nem com as risadas de reflexo ‘três patetas’. Finalmente o público está ficando exigente, pelo menos aquele que vai assistir XMen na estréia.

Quantos ‘snifs’ eu ouvi da platéia durante o filme; na cena depois dos créditos, que quase toda a sala sabia que havia, as pessoas aplaudiram. Apesar de eu achar o Inácio Araújo um velho chato para criticar o mainstream, ele jogou duas estrela para o filme, ele deu a descrição certa para o filme: Cronenberg para Crianças, porra, Cronenberg e crianças são de universos diametralmente opostos. Roger Ebert disse achar incrível a tônica moral sócio-politica do filme resolvida através de uma luta de efeitos especiais.

E eu acho incrivel Brett Ratner ter criado um clássico no meio do caos. E ao mesmo tempo o filme corta tudo até o osso, o filme não dura muito mais do que uma hora e meia, e ao mesmo tempo é uma série de eventos maior do que a soma dos dois anteriores de Brian Singer. Não há auto-indulgência em nenhum frame deste filme, não há nem mesmo um ‘toque’ especial do diretor, todas as imagens deste filme mostram sempre propósito, impressionante.

E ainda conseguiu construir personagens, coisa que Brian Singer sabe mas não sabe. Finalmente os personagens encontram todos com o seu destino. Iam Maclen finalmente retornou dos mortos. Wolverine finalmente é o líder sem precisar querer sê-lo.

E é tão estranho, já tinha visto 8 minutos do filme em 720p, um dia antes de pisar no cinema. A minha impressão foi muito forte de um filme meio amador, como é aquele do Quarteto Fantástico, que os atores não tem a menor idéia do que estão fazendo. Não é sempre que a gente consegue ver a verdade apenas olhando para uma parte.

O filme me fez lembrar o que as pessoas querem da arte, elas não querem o complexo, ou o harmonioso, virtuoso, as pessoas querem a verdade, dane-se a forma de como ela vem, elas só precisam sentir o verdadeiro. E eu diria que isto é o que é mais difícil de alcançar em qualquer obra, como ser isento do que é íntimo? Bem, Brett Retner consegue, não sei como, mas o cara consegue. (só pra constar, dos diretores que eu lembro, acredito que essa qualidade só Kubrick, Robert Wise, Billy Wilder, Kurosawa, Ridley Scott, John Huston parecem ter, todos os outros, de Spielberg a Lynch tem auto-indulgência –substantivo feminino: disposição ou tendência para perdoar culpas ou erros; clemência, misericórdia)



Adendo: li ontem a crítica de Harry sobre a refilmagem da Profecia, ele odiou o filme, tanto quanto Last Stand. Então o filme deve ser foda. E ele fez algo que acho deplorável, ele levou o sobrinho de cinco anos para ver essa pré-estréia. Tipo, esse filme é sobre um pai que descobre que o demônio assassinou seu filho no berço e pôs outro no lugar. Tipo, esse moleque não vai durar três semanas na escola antes de ser taxado de ‘o esquisito’


Adendo 2: fiquei sabendo que a cena depois dos créditos finais foi filmado sem o conhecimento da Fox, os dois atores foram avisados durante o almoço no começo das filmagens, não existe menção da existência de que houve esse negativo. Ian também não foi avisado que teria uma cena final no parque, quando foi filmado também não sabia que estava jogando sozinho. Parece que no final só duas pessoas sabiam como o filme terminaria, o diretor e o editor.